quarta-feira, setembro 13, 2006

#17_Stazione Marconi, Roma 2006



"A realidade submetida à imagem

A “visão esperta” (smart vision) também é uma técnica em vias de rápida difusão, como provam as câmeras do projeto “Chromatica”. Atualmente sendo testadas nos metrôs de Londres, Milão e Paris, essas câmeras são capazes de detectar nos passageiros comportamentos “que fogem às normas”. “Há lugares no metrô onde não se pode ficar parado”, explica Louahdi Khoudour, um dos responsáveis pelo projeto na França, “pois o sistema associa isso a uma situação de perigo, ou no mínimo suspeita.” Ligado ao conjunto da rede de filmadoras, o computador é munido de programas para detecção: mal o “suspeito” chega ao metrô – seja ele um vendedor ambulante ou um mendigo –, é imediatamente localizado. Se ficar mais de um minuto parado, sua imagem fica verde na tela de controle. Além de dois minutos, fica vermelha e o alerta é dado. Ficar parado um bom tempo, não andar na direção certa, parar e juntar-se a um grupo, entrar em espaços proibidos tornam-se comportamentos suspeitos... que as câmeras denunciam no ato.

As primeiras vítimas desses “dedos-duros” tecnológicos são os indesejáveis do metrô – mendigos e outros inquilinos de bancos para passar o dia. Quem não se mexe, não está de acordo com o fluxo incessante dos nômades do produtivismo. A idéia de “tolerância zero” vai fazendo escola. Com a chegada do digital, a vídeo-vigilância e o controle social passam, talvez de forma irreversível, a uma nova técnica de “fichar” as pessoas. O homem já não tem a última palavra. Conectado a uma imensa rede de câmeras, o computador se transforma em um juiz implacável. Agora é a realidade que se submete aos movimentos da imagem."

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