quarta-feira, setembro 20, 2006

#74_Vaticano 2005


"Até ao Concílio Vaticano II, a Santa Sé viveu de uma indemnização paga pelo Governo italiano em 1929, já então debaixo da alçada de Benito Mussolini, ao abrigo dos acordos de Latrão , que previam o pagamento de 92 milhões de dólares a título de compensação pela perda de terras papais. Este Concílio, que terminou em 1965, veio aumentar bastante o peso da máquina administrativa do Vaticano e fez disparar o número de funcionários.

Chegado à cúpula do poder em 1978, João Paulo II procurou imprimir uma nova lógica de transparência e acuidade contabilística. Esta marca de lisura económica viria a revelar-se necessária em 1982, data da falência do Banco Ambrosiano – um caso com todos os elementos de um thriller que ameaçou seriamente a credibilidade da Santa Sé.

Roberto Calvi , o banqueiro de Deus , como era conhecido pelas suas ligações, criou uma série de empresas fictícias sediadas no Panamá e no Luxemburgo, para onde transferia avultadas somas de dinheiro do banco, que era, à data, parcialmente detido pela Igreja. Calvi actuava, alegadamente, a coberto de cartas de recomendação do arcebispo Paul Marcinkus , então chefe do banco do Vaticano (o Instituto das Obras Religiosas). Quando o Ambrosiano estava à beira da falência, com dívidas a rondar os mil milhões de dólares, Calvi fugiu, com um passaporte falso, para Londres, onde viria a ser encontrado morto, enforcado na ponte de Blackfriars , com pedras dentro dos bolsos do casaco. Mas concluiu-se que tinha sido um suicídio, apesar de, apenas dias antes, a secretária de Calvi ter pulado, «voluntariamente», do 5. ° andar da sede do banco em Milão e de, pouco tempo depois, o padrinho de Calvi , o financeiro siciliano MichelSidona (já anteriormente envolvido na falência do Franklin NationalBank de Nova Iorque) ter sido envenenado na prisão. A Igreja negou sempre ter conhecimento das implicações dos actos de Calvi , mas ficou à vista que, no mínimo, os seus dinheiros eram geridos de forma muito pouco profissional. Na última segunda-feira, 18 (Abril 2005) , ficou a saber-se que, afinal, quatro indivíduos terão de responder pela morte de Roberto Calvi : o empresário FlavioCarboni , a ex-namorada Manuela Kleinzig , e dois alegados membros da Máfia. O grupo começará a ser julgado em Outubro e é de prever que o Vaticano volte a ser envolvido no escândalo."

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