quinta-feira, setembro 28, 2006

Ara Pacis_Roma 2006

O resultado das eleições legislativas em Itália, que deram a vitória à tangente a Romano Prodi, revelaram um país dividido. O sentimento reflecte-se, também, em Roma, num período de pré-campanha eleitoral. No próximo dia 28 de Maio, os romanos terão de escolher o novo líder da "Comuna di Roma" e, na linha da frente, seguem o actual presidente e candidato de Esquerda, Walter Veltroni, e o rival do centro-direita, Alemanno. A festa do aniversário da cidade não escapa à controvérsia, sendo a inauguração do novo museu do Ara Pacis, projectado pelo arquitecto norte-americano Richard Meier, um símbolo das diferenças políticas. A construção do edifício - a primeira peça de arquitectura contemporânea edificada no centro histórico de Roma desde a queda do fascismo -, não reúne consenso também entre a população.

A discussão ultrapassa o valor estético-cultural para se centrar no aspecto financeiro. O museu, que abriu ontem de manhã ao público, embora esteja ainda inacabado (ficará totalmente concluído em Setembro), custou 16,8 milhões de euros. Apesar do projecto ter sido lançado pelo seu antecessor, Veltroni acarinhou-o e leva os adversários políticos (e, também, parte da população) a questionar as suas prioridades.

"O museu tem sido um ponto de desafio entre a Esquerda e a Direita. O que os divide não é tanto o estilo arquitectónico mas o custo do edifício. Todo o centro-direita está contra e Alemanno prometeu que, se vencer as eleições, levará o Ara Pacis (um altar da paz erigido como tributo ao imperador Augustus) para a periferia", diz, ao JN, Carmen Del Vando, correspondente do Canal Sur. Walter Veltroni desvaloriza a polémica "Não há memória de uma intervenção no centro histórica sem controvérsia cultural".

O arquitecto Richard Meier considera o debate "saudável", dizendo ser uma oportunidade para "ler e falar de arquitectura".

Enquanto os convidados percorriam o edifício, membros do partido de extrema-direita, Fiamma Tricolore, protestavam (seguidos de perto pelos carabinieres) contra a obra que apresentam como "exemplo das más políticas" de Veltroni. "Em 15 anos, não fizeram um única casa para as pessoas carenciadas. Veltroni faz edifícios luxuosos, quando há tanta gente em Roma sem casa", acusa Simone Di Stefano.



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