domingo, outubro 08, 2006

#585_Cimitero del Verano, Roma 2006

Centenas de pessoas saem às ruas de Moscovo para mostrar indignação pela morte da jornalista
08.10.2006 - 18h17 AFP

Várias centenas de pessoas saíram hoje às ruas de Moscovo para mostrarem a sua indignação pelo assassinato ontem da jornalista russa Anna Politkovskaia. O jornal para onde trabalhava vai publicar amanhã um artigo com várias notas que ela escreveu sobre casos de tortura na Tchetchénia.

Os manifestantes quiseram prestar uma homenagem a Anna Politkovskaia, jornalista russa independente encontrada ontem morta no seu prédio.

“O Kremlin matou a liberdade da palavra”, “Putin, responderás por tudo”, podia ler-se nos cartazes.

Hoje, o jornal para onde trabalhava Anna Politkovskaia, “Novaia Gazeta”, garantiu que vai publicar as suas notas sobre casos de tortura na Tchetchénia.

“O artigo será publicado na edição de amanhã”, precisou à televisão NTV, Vitaly Yaroshevsky, chefe de redacção adjunto do jornal.

Dmitry Mouratov, chefe de redacção do “Novaia Gazeta”, acrescentou que a jornalista “tinha também fotografias muito importantes mostrando tudo”.

Ainda que o jornal não disponha do artigo terminado, “temos várias notas e vamos publicar algumas delas”.

Morte de Anna Politkovskaia preocupa comunidade internacional

A comunidade internacional tem vindo a pronunciar-se sobre a morte de Anna Politkovskaia, mostrando preocupação com a liberdade de expressão na Rússia e apelando à realização de um inquérito digno desse nome para desmascarar os responsáveis.

Os Estados Unidos, Conselho da Europa, Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OCDE) e a Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ) dizem-se chocados com esta morte, considerada “ignóbil” pela presidência finlandesa da União Europeia (UE).

O Departamento de Estado norte-americano pediu “a máxima urgência ao Governo russo para realizar um inquérito imediato e exaustivo a fim de encontrar, perseguir e julgar todos os responsáveis por esta morte odiosa”.

Lembrando que doze jornalistas foram assassinados na Rússia nos últimos seis anos, Washington disse que as intimidações e as mortes de jornalistas são “uma afronta para os media livres e independentes, mas também para os valores democráticos”.

Também o chefe da diplomacia francesa, Philippe Douste-Blazy, pediu às autoridades russas para “accionarem, o mais rápido possível, todos os meios necessários para esclarecer este assassinato.

É “essencial que as circunstâncias da sua morte sejam rapidamente esclarecidas e de forma convincente”, disse o secretário-geral do Conselho da Europa, Terry Davis.

“Apelo às autoridades russas para descobrirem os responsáveis o mais rápido possível”, insistiu o chefe da diplomacia belga Karel De Gucht, presidente em exercício da OCDE. “É preciso punir severamente” os assassinos, comentou o Ministério polaco dos Negócios Estrangeiros.

“Esperamos que as autoridades russas façam o seu melhor para encontrar os autores desta morte”, reagiu um porta-voz da diplomacia britânica.

Para o comissário europeu dos direitos do Homem, o sueco Thomas Hammarberg, “esta morte é um sinal de crise da liberdade de expressão e segurança dos jornalistas na Rússia”.

Os governos europeus e a sociedade civil devem exercer “pressões públicas” sobre Moscovo para que a segurança dos media na Rússia seja garantida, estimou o coordenador do Pacto de Estabilidade para os Balcãs, o austríaco Erhard Busek.

publico.pt



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