segunda-feira, abril 23, 2007

1972_Braga 2007

O Renault 5 teve a sua apresentação internacional em Janeiro de 1972. O seu lançamento trouxe uma nova forma de encarar o automóvel tornando-o ao mesmo tempo popular, apetecível e acessível. Foi concebido para se apresentar como sendo simultâneamente um carro citadino, ágil e fácil de conduzir, mas também um estradista confortável e económico em longas viagens. Resultou certamente da crescente necessidade que o mercado vinha demonstrando por um carro com um maior “status” e presença que o Mini, mais refinado que o Renault 4 e mais sofisticado que o Citroen Dyane. Com ele a Renault procurou competir no sector dos pequenos carros individuais e atingir uma nova clientela: mulheres, jovens e solteiros bem como a um leque alargado das mais diversas camadas sócio-profissionais. O Renault 5 foi certamente um “compacto” que com apenas 3,53 m, um desempenho e conforto muito próximo dos “familiares” do segmento médio e ainda o bónus de um portão traseiro (facilitando o acesso a uma bagageira cuja capacidade poderia variar entre os 215 a 545 dm3, com o banco traseiro rebatido), conquistou um lugar que muitos considerariam pertencer a uma classe imediatamente superior.

Em suma, as características gerais do Renault 5 foram perfeitamente resumidas no seu caderno de encargos como "um veículo capaz de transportar não importa o quê, não importa quem, não importa onde, o mais rápida e seguramente possível". Para a Renault o conceito de segurança era um princípio que se deveria sobrepor a todas as outras características e que implicava que um pequeno veículo como este possuísse boas qualidades estradistas, uma suspensão confortável e que evitasse a fadiga e um "nervosismo" aceitavel que permitisse conservar uma boa margem de manobra em situações críticas. Implicava também uma boa resistência ao choque, tendo o Renault 5 beneficiado de todos os estudos efectuados à época no domínio da segurança passiva.

Se a concepção de um automóvel é uma obra colectiva, é também verdade que a sua ideia base pertence quase sempre a apenas um criador. No caso do Renault 5 tal "paternidade" deve-se a Michel Boué, um recém chegado aos ateliers de estilo da Renault e que a partir de uma fotografia do Renault 4 esboça aquilo que será mais tarde o Renault 5. Uma viatura com um "capot" curto, com um perfil reduzindo ao mínimo a "grelha" do irradiador, duas grandes portas laterais, um grande portão traseiro que descia até à linha do pára-choques, dois farolins verticais que seguiam a linha de fuga da traseira, vastas superfícies vidradas, linhas vincadas mas sem serem angulosas, com os flancos totalmente desprovidos de guarnições e exibindoum vinco em posição relativamente baixa, ao mesmo nível que os pára-choques. Tudo o que será futuramente o Renault 5 já existe neste primeiro esboço. Após alguns aperfeiçoamentos, este esboço obteve tal unanimidade que não foi sequer necessário confrontá-lo com os outros projectos concorrentes.

Tecnologicamente era também um carro bem concebido e construído e com algumas soluções inovadoras como o “pára-choques” em fibra, envolvente e capaz de absorver ímpactos de até 7 Km/h sem danos significativos. Com uma estrutura monobloco e paineis maioritariamente soldados, garantindo uma rigidez estrutural apreciável, o Renault 5 diferia bastante da solução apresentada pelos anteriores Renault 4 ou 6 que utilizavam um chassis tipo plataforma onde era aparafusada a carroçaria. Nesta estrutura, a espessura dos principais paineis de aço exteriores era de cerca de 0,7 mm enquanto que os elementos responsáveis pela sua rigidez e suporte usavam chapa de aço com 1 mm de espessura.

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